Na maioria das vezes, esquecemos que os alunos precisam saber como estão sendo avaliados, quais são as habilidades, conhecimentos e/ou atitudes que você espera que eles desenvolvam a partir de determinada situação didática.

É como se fosse um “contrato” ou um acordo. No momento em que você sabe o conteúdo que vai abordar, escolhe a metodologia e os recursos que vai utilizar para isso e pensa em objetivos (o que você quer que o seu aluno aprenda?) e em avaliações (como identificar evidências de que aquele ou aqueles objetivos foram ou não alcançados pelos estudantes?) que farão parte de um planejamento integrado, concomitante. Não se deve escolher como avaliar depois que todo conteúdo foi ministrado.

Além disso, a estrutura dos objetivos e a escolha da avaliação deve estar de acordo com a forma que você abordou o conteúdo. Por exemplo, se você está enviando materiais para que os alunos aprendam conceitos (videoaulas e textos), solicitando leituras ou que assistam a um vídeo; sem propor pesquisas, desafios, aprofundamentos ou fóruns de discussão, faria sentido você ter como objetivos “Trabalhar em grupo e colaborar com o colega” ou “Elaborar argumentos bem construídos e fundamentos”? 

Como a metodologia que você usou permitiu que os estudantes exercitassem essas habilidades? Em que momento os alunos puderam desenvolver o trabalho em grupo ou a construção de argumentos? Da mesma forma…. se você aplicar uma prova individual com questões de múltipla escolha, como vai conseguir “medir” se os alunos trabalharam em grupo? 

Para que isso fique mais claro, tente fazer o exercício abaixo. Para isso, pense em um conteúdo que ministraria em uma aula ou em uma sequência de aulas.

Conteúdo Objetivos Metodologia Recursos Formas de avaliação
Qual o tema da sua aula? Quais conceitos/habilidades ou atitudes você vai trabalhar? O que você gostaria que o seu aluno aprendesse? O que você gostaria  que ele  fizesse após a situação de aprendizagem que você elaborou e aplicou? O que você fará para que o seu aluno alcance os objetivos? Como você vai conduzir a aula para que ele desenvolva o que você apontou como objetivo? O que você usará como material para trabalhar a metodologia? Um livro? Um vídeo? Uma lousa?  Como você poderá identificar as evidências de aprendizagem? Como identificar se o objetivo foi atingido ou não? (pode ter sido, também, parcialmente atingido).

Esse planejamento pode ser apresentado aos alunos para que, durante o processo de aprendizagem e ao final dele, ele possa saber, de maneira muito clara, como foi avaliado, o que conseguiu desenvolver, onde errou e definir novos caminhos de aprofundamento ou de reforço, por exemplo. 

Partindo disso, para ajudá-lo a elaborar instrumentos de avaliação objetivos, esse material descreve o uso da rubrica e como ela poderá ajudá-lo nesse período de educação remota. 

A rubrica é um instrumento de avaliação apresentado na forma de tabela, construída e modificada com base nos critérios específicos (relacionados a uma atividade ou qualquer outra tarefa) que se deseja avaliar.

Para elaborar uma rubrica, é importante saber claramente quais critérios são importantes para você avaliar o estudante e, caso haja, qual a ordem de importância de cada um desses critérios (você poderá atribuir pesos diferentes a eles). .

Uma das principais características desse instrumento é tornar os critérios de avaliação objetivos e explícitos. Se possível, é importante escrever uma pequena descrição para que o aluno entenda quais são os níveis intermediários em relação ao objetivo esperado. Além disso, ela deve ser apresentada e discutida com os alunos antes de ser aplicada a um determinado contexto para que eles saibam quais serão os critérios de avaliação e possam direcionar sua aprendizagem para cumpri-los. 
Veja um exemplo de uma rubrica para avaliar a participação em um fórum de discussão online:

Critério de Pontuação 4 pontos  3 pontos 2 pontos   0 pontos




Interação (peso:35%) 
Respondeu a postagem principal do Fórum com conteúdos e/ou argumentos coerentes e articulados com o tema proposto e interagiu com mais de um colega. Respondeu a postagem principal do Fórum com conteúdos e/ou argumentos coerentes e articulados com o tema proposto e interagiu com 1 dos colegas.  Respondeu a postagem principal do Fórum com conteúdos e/ou argumentos coerentes e articulados com o tema proposto e não interagiu com colegas. Não realizou a atividade proposta. 



Conteúdo da Postagem (peso:35%)
A resposta é completa, tem relação com a temática e indica diversos (mais de um) materiais complementares decorrentes de pesquisas: sites, artigos, blogs, podcasts. A resposta é completa, tem relação com a temática e indica um material complementar decorrente de pesquisas: sites, artigos, blogs, podcasts. A resposta é completa e tem relação com a temática. Porém, não indica outros materiais complementares correlatos à temática.  Não realizou a atividade proposta. 


Cronograma (peso: 30%)
Registrou a postagem dentro do prazo estabelecido no cronograma. Registrou a postagem após 1 dia do prazo estabelecido no cronograma.  Registrou a postagem de 2 à 7 dias após o prazo estabelecido no cronograma.  Não realizou a postagem pois não é possível fazê-la após 7 dias da data estabelecida no cronograma.

As rubricas podem ser utilizadas para classificar qualquer atividade e/ou comportamento: redações, trabalhos de pesquisa, apresentações, projetos. Seguem algumas considerações importantes sobre esse instrumento de avaliação: 

  • As rubricas devem ser feitas especificamente para uma tarefa. Não há como usar a mesma rubrica em tarefas diferentes. 

  • As rubricas precisam descrever níveis de desempenho ou competências, deixando claro o “nível” intermediário e não apenas os dois extremos. Além disso, se você usar palavras subjetivas na rubrica, ela perderá a sua especificidade. Por exemplo: criatividade. É preciso deixar explícito quais os critérios para avaliar criatividade. 
  • A  rubrica prepara o caminho para um feedback ágil e de fácil compreensão, especialmente se foi discutida com os estudantes antes da realização da tarefa. A agilidade e a clareza do feedback são um dos fatores que permite aos estudantes a superação de suas dificuldades.

Pense no seguinte exemplo:

João recebe a nota da apresentação do projeto que elaborou como avaliação final da disciplina de Ciências. A nota foi sete. Embora não considerasse uma nota muito baixa, ficou pensando no que poderia ter sido feito de diferente para que o projeto alcançasse uma nota maior e ele tivesse mais chances de ganhar o prêmio da feira de Ciências. Decide ir até o seu professor e pergunta: “Professor, você poderia me explicar por que o meu projeto não atingiu a nota máxima? O professor responde: “João, você fez uma ótima apresentação, mas o projeto poderia ser mais criativo  e exequível”. 

João continuou sem resposta pois não sabia como o “criativo” e o “exequível” foram avaliados, quais foram os critérios e como isso poderia ser modificado em seu projeto. 

Como uma rubrica resolveria essa situação?

Criatividade  e exequibilidade seriam dois dos critérios de avaliação estabelecidos para avaliar os projetos finais da disciplina de Ciências e, dessa forma, todos os estudantes teriam parâmetros para se basear no momento de construir o projeto. Essa seria uma rubrica acordada para ficar disponível e visível a todos os estudantes.  Veja, esse exemplo:

Rubrica para construção de projetos:

Critério de Pontuação 4 pontos 3 pontos 2 pontos 0 pontos






Criatividade (peso: 30%)
A proposta une conhecimentos de diferentes disciplinas, não foi apresentada por outros alunos em anos anteriores e envolveu pesquisas que estão além dos materiais indicados pelo professor.  A proposta une conhecimentos de diferentes disciplinas. Porém, é baseada em experiências já apresentadas por outros alunos em anos anteriores.  A proposta envolve apenas  um tópico da disciplina de Ciências e reproduz projetos já realizados em anos anteriores. A proposta não foi estruturada como um projeto.



Exequibilidade (peso: 30%)
O projeto não envolve materiais de difícil aquisição, não precisa de um profissional específico para realizar alguma etapa, pode ser feito em casa ou na escola e não apresenta riscos para os envolvidos. O projeto não envolve materiais de difícil aquisição, mas precisa do acompanhamento de um profissional específico.  O projeto envolve materiais de difícil aquisição e precisa ser realizado em laboratórios com alguns instrumentos específicos.  A proposta não foi estruturada como um projeto exequível. 

Aderência à temática – sustentabilidade e Educação Ambiental (peso: 20%)
O projeto está especificamente relacionado à temática. O projeto está parcialmente ligado à temática uma vez que não faz menção à sustentabilidade mas está na área de Educação Ambiental. O projeto está ligado à área de Ciências mas não especifica a relação com a Educação Ambiental ou sustentabilidade.  O projeto foi estruturado sem relação com a temática solicitada. 


Custo/Orçamento(peso: 20%)
O projeto não envolve custo alto (há menção à aquisição de patrocinadores e arrecadação com vendas de doces e/ou rifas).  O projeto não envolve um custo alto mas não há planejamento sobre ações para aquisição do custo necessário.  O projeto envolve um custo alto e não há planejamento sobre ações para aquisição do custo necessário  O projeto não apresentou menção à custo ou orçamento. 

Se João já soubesse desses critérios antes de começar a construir o seu projeto, poderia ter  considerado cada um deles e ainda entender, de forma objetiva, o porquê da sua nota.  

Rubrica para autoavaliação: 

As rubricas podem ser utilizadas para que você, professor, avalie os estudantes e pode, também, ser utilizada para autoavaliação. Os exemplos acima sobre participação em fórum e construção de projetos poderiam ser base para construir uma rubrica de autoavaliação: Como os alunos avaliam a sua própria participação em um fórum? Como os alunos avaliam o projeto que desenvolveram? Claro que os critérios de avaliação seriam outros e é preciso explicar aos estudantes a importância desse tipo de avaliação. 

Por meio da autoavaliação, o aluno pode indicar o grau em que ele domina ou expressa tais competências (especificadas nos critérios de avaliação que constituem a rubrica). 

Essa avaliação prioriza a participação ativa do aluno sobre a sua performance e desenvolvimento, já que cabe a ele mesmo fazer um julgamento sobre o seu desempenho, o que requer autocrítica para identificar seus pontos fortes e “gaps”, analisando e respondendo à ferramenta de avaliação. Dessa forma, como autoavaliar-se já é uma ação subjetiva, as rubricas são bons instrumentos para aumentar a objetividade do processo avaliativo. 

O importante é criar critérios objetivos e que sejam previamente apresentados aos estudantes de modo que eles tenham ciência de que precisam exercitar o desenvolvimento de tais competências e que a avaliação não seja uma surpresa (nossa, não faço ideia do que se trata esse critério de avaliação. Nem sei como eu posso me avaliar). 

Por meio da autoavaliação, é possível que o estudante possa refletir sobre suas habilidades e como isso tem influenciado o seu desempenho e as suas notas em uma disciplina. Quando ele mesmo reconhece os seus pontos de melhoria, fica mais fácil encontrar caminhos para o desenvolvimento, além de exercitar a autocrítica. 

Outra contribuição muito importante do uso das rubricas para a educação remota é usá-la para que o aluno avalie a forma como você, professor, tem estruturado e conduzido as aulas. Isso é muito importante para que você tenha um feedback do seu trabalho pela perspectiva do aluno e, então, possa pensar em reestruturações e/ou manutenções da metodologia que tem escolhido, da forma de avaliar, interagir, dos formatos que tem escolhido para a disponibilização de materiais e até mesmo de como o aluno se sente em relação a sua disciplina. 

E aí? Preparado para elaborar uma rubrica? O quadro abaixo pode te ajudar a construir uma! 

Critérios/pesos/pontuações Pontuação máxima Pontuação intermediária Pontuação  mínima 
Os critérios deverão estar de acordo com os objetivos que você planejou. O que você pretende avaliar durante o processo de aprendizagem dos alunos?Esses critérios podem ter pesos diferentes (por exemplo, se o total de pontos é 10, cada critério poderá ter uma pontuação específica dentro desse total de pontos).  Aqui você deve descrever o que o aluno deverá cumprir para atingir o maior desempenho em relação a um determinado critério. Quais são as variáveis que você irá considerar para avaliar? O que o aluno deverá demonstrar – como uma evidência de aprendizagem para que você possa avaliá-lo de forma objetiva? Aqui você pode ter mais de um nível. Dependendo do número de variáveis e, da especificidade da avaliação e da situação ou processo de aprendizagem, você pode ter mais ou menos níveis, com base no quanto o aluno poderá cumprir ou não o objetivo de aprendizagem. O que ele deverá fazer (ou não fazer) que não atingirá a pontuação máxima nesse critério específico? Pense nos diferentes caminhos que um aluno pode seguir  durante um processo de aprendizagem. Pense esses diferentes percursos para elaborar os diferentes níveis que cada aluno poderá ou não atingir.  Aqui você deve descrever o extremo da menor pontuação. O que o aluno não fez ou o que você não identificou que ele fez para que não cumprisse os objetivos relacionados ao critério de aprendizagem? 

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